segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Turista

Diariamente eu me convenço de que preciso voltar a escrever. Anualmente eu de fato faço isso. 
Após abandonar o blog há alguns anos, escrevi diários, fiz notas em cadernos, fiz notas mentais. Todos os métodos deixei de lado, no final. Eu realmente tento entender o que me fez parar de escrever. É um misto de medo com vergonha, sei lá, das pessoas que lerão, de me expor demais, de me abrir demais, de demonstrar fraqueza, de tanta coisa. Mas eu também sei que escrever é libertador, sempre foi. Esse blog foi um refúgio desde 2008. Ele presenciou minhas crises existenciais de adolescente, meu primeiro namorado, meu casamento, meus medos, inseguranças, bobagens e pensamentos infantis. Ele acompanhou meu amadurecimento e meu crescimento pessoal e profissional. 
E aqui estou eu, em 2015, um ano que eu desejei muito e que definitivamente me apavora, tentando recomeçar a vida de escritora amadora. Se dessa vez vai dar certo eu não sei, inicialmente aposto num post anual, e aí, em 2016, eu volto pra tentar fazer um resumo do que deu certo (ou provavelmente de tudo que deu errado) em 2015.
Eu poderia tentar falar de tudo que me aflige nesse momento, mas ia ficar um relato bagunçado e confuso, justamente como está na minha cabeça nesse momento. Eu falaria da minha preocupação com meu ex que hoje é um viciado em crack. Falaria do meu pesar e tristeza em ficar mais velha daqui 2 dias. Falaria também sobre como esse ano é decisivo e preocupante. Falaria dos meus sonhos pra esse ano,  que consistem em viajar, me formar e passar no mestrado. Mas eu não vou falar nada sobre isso, porque eu nem sei o que falar. Queria soltar frases e palavras desconexas e me sentir melhor depois de tentar me comunicar, imaginando que alguém nesse mundo me entende. Mas não é verdade. Porque simplesmente ninguém entende. Eles fingem que entendem. Pra você se sentir melhor e menos sozinho. Mas eles não sabem que isso não acontece. Você também finge que agora tudo está melhor. Mas espera, eu não estava falando na primeira pessoa? Desde quando isso é sobre você? Isso é sobre mim. Mas sobre isso também ninguém precisa saber.
Vocês conseguem perceber como minha vida e meu discurso são cheios de "mas"? Não né? Eu também imaginei isso. Mas quem se importa?
Vocês sabiam que estou pra completar 21 anos? 21 ANOS! Quando comecei a devanear nesse blog eu tinha, provavelmente, 14 anos. Alguém tem noção de quanta coisa aconteceu nesse tempo? Cara, muita coisa. Muita água passou por aqui. Grande parte eu guardo pra mim e acho que todo mundo sabe. Aliás, sabiam que eu me enxergo assim? Eu vivo a vida achando que todo mundo sabe o que eu estou pensando e sentindo; na minha cabeça tudo está bem explícito na minha cara, e ou as pessoas são muito desatentas ou fingem que não veem, simplesmente pra não terem de perder tempo se importando. Anyway. Acho que isso é um problema meu mesmo, que no íntimo me imagino uma pessoa que não expresso. Aí está o problema de identidade que tenho enfrentado nos últimos anos. Na minha cabeça eu sou uma pessoa destemida, corajosa, independente, foda pra caramba, cheia de atitude e de charme. Mas na real eu sou uma bosta. Sem coragem, que odeia decepcionar as pessoas e fica triste pra caramba de fazer algo que alguém não gosta. É ou não é uma grande merda isso? Eu vivo precisando da aceitação dos outros. E sofro imensamente por não conseguir agir da forma que realmente desejo.
Acabei de arrumar uma meta pra esse ano.
E por agora é tudo. Se você ficou confuso, deprimido ou simplesmente me achou uma louca, eu peço sinceras desculpas, nem eu me entendo. E acredite: é difícil pra caramba viver na minha cabeça. Algumas vezes só queria umas férias dela. 

flw vlw migos.