quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Sobre esperança.


"A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança." (José Saramago)

Ultimamente a vida tem me pregado peças bem interessantes, sem contar que são bem sem graça também. Isso pra mim não é novidade, porque sempre me vi dentro de uma novela mexicana, cheia de dramalhão e chororô do mais água com açúcar existente. É, a vida tem dessa de me pregar peças desde que eu nasci. Mas com o tempo, o amadurecimento e a terapia passei a ver as coisas de outro ângulo e poxa, tenho perdido a fé na humanidade.
Tudo isso me tem feito pensar sobre essa palavrinha que abarca tanta coisa: esperança. Essa citação com a qual iniciei o post é do livro Ensaio sobre a Cegueira, uma obra extremamente profunda e complexa, que cabe totalmente no que eu quero dizer nesse momento, ou que diz tudo que eu quero nesse momento. O que eu quero dizer é sobre o egoísmo, sabe. Sobre como a gente vai passando por cima de todo mundo sem se importar com o que o outro sente, sobre como às vezes estamos sempre tão concentrados no nosso umbigo, que esquecemos que existem outras pessoas precisando de um suporte por aí. Cegos. Cegos que, como diz Saramago, vendo não veem. Cegos pela ambição, pelo egoísmo, pelo egocentrismo. Preocupados demais em alcançar algo que não se sabe o quê. Atropelando tudo que tem pela frente, sem refletir se é o correto. E nisso eu queria ter esperança de que as coisas vão melhorar, que as pessoas vão cair em si e perceber a burrada que estamos fazendo, mas não. Parece que as pessoas vão piorando, sempre atacando e ofendendo sem quê nem por quê. 
Na mais recente peça que a vida me pregou, tive que colocar de lado todo o meu dramalhão e desviar o foco do meu sofrimento. Eu tive que ser forte. Sempre achei que a vida estava sempre exigindo que eu fosse forte, mas de repente me vi sendo forte pelo outro. Me preocupando inteiramente com o outro, e isso me deixou mais sensível. Acho que foi com isso que minhas reflexões se afloraram mais. E queria que as pessoas também se dessem conta disso tudo e fossem mais sensíveis. 
Por causa de um fato mais recente ainda, estou profundamente machucada com alguém que eu gostava muito, que eu admirava, mas me surpreendi também com o fato de que a pessoa que está ao meu lado hoje, a que mais me inspira esperança e que mais precisa de mim nesse momento, me fez deixar de lado isso e seguir em frente. A gente tem que escolher as batalhas porque lutar, e eu acho que essa não vale a pena. Não há esperança. 
E eu vou vivendo, nesse momento sem muitas motivações, mas com vontade. Tentar achar, em algum lugar perdido nesse Brasil, um pouquinho de esperança. Mas para isso deveria deixar de lado a tv, jornais e quaisquer meios de comunicação que me mostrem o quanto nosso mundo é podre e me assusta.
Ah! Essa imagem é minha mesmo, de uma tatuagem que fiz recentemente, depois de muito refletir sobre a esperança e que diz exatamente sobre ela.

Até a próxima!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Turista

Diariamente eu me convenço de que preciso voltar a escrever. Anualmente eu de fato faço isso. 
Após abandonar o blog há alguns anos, escrevi diários, fiz notas em cadernos, fiz notas mentais. Todos os métodos deixei de lado, no final. Eu realmente tento entender o que me fez parar de escrever. É um misto de medo com vergonha, sei lá, das pessoas que lerão, de me expor demais, de me abrir demais, de demonstrar fraqueza, de tanta coisa. Mas eu também sei que escrever é libertador, sempre foi. Esse blog foi um refúgio desde 2008. Ele presenciou minhas crises existenciais de adolescente, meu primeiro namorado, meu casamento, meus medos, inseguranças, bobagens e pensamentos infantis. Ele acompanhou meu amadurecimento e meu crescimento pessoal e profissional. 
E aqui estou eu, em 2015, um ano que eu desejei muito e que definitivamente me apavora, tentando recomeçar a vida de escritora amadora. Se dessa vez vai dar certo eu não sei, inicialmente aposto num post anual, e aí, em 2016, eu volto pra tentar fazer um resumo do que deu certo (ou provavelmente de tudo que deu errado) em 2015.
Eu poderia tentar falar de tudo que me aflige nesse momento, mas ia ficar um relato bagunçado e confuso, justamente como está na minha cabeça nesse momento. Eu falaria da minha preocupação com meu ex que hoje é um viciado em crack. Falaria do meu pesar e tristeza em ficar mais velha daqui 2 dias. Falaria também sobre como esse ano é decisivo e preocupante. Falaria dos meus sonhos pra esse ano,  que consistem em viajar, me formar e passar no mestrado. Mas eu não vou falar nada sobre isso, porque eu nem sei o que falar. Queria soltar frases e palavras desconexas e me sentir melhor depois de tentar me comunicar, imaginando que alguém nesse mundo me entende. Mas não é verdade. Porque simplesmente ninguém entende. Eles fingem que entendem. Pra você se sentir melhor e menos sozinho. Mas eles não sabem que isso não acontece. Você também finge que agora tudo está melhor. Mas espera, eu não estava falando na primeira pessoa? Desde quando isso é sobre você? Isso é sobre mim. Mas sobre isso também ninguém precisa saber.
Vocês conseguem perceber como minha vida e meu discurso são cheios de "mas"? Não né? Eu também imaginei isso. Mas quem se importa?
Vocês sabiam que estou pra completar 21 anos? 21 ANOS! Quando comecei a devanear nesse blog eu tinha, provavelmente, 14 anos. Alguém tem noção de quanta coisa aconteceu nesse tempo? Cara, muita coisa. Muita água passou por aqui. Grande parte eu guardo pra mim e acho que todo mundo sabe. Aliás, sabiam que eu me enxergo assim? Eu vivo a vida achando que todo mundo sabe o que eu estou pensando e sentindo; na minha cabeça tudo está bem explícito na minha cara, e ou as pessoas são muito desatentas ou fingem que não veem, simplesmente pra não terem de perder tempo se importando. Anyway. Acho que isso é um problema meu mesmo, que no íntimo me imagino uma pessoa que não expresso. Aí está o problema de identidade que tenho enfrentado nos últimos anos. Na minha cabeça eu sou uma pessoa destemida, corajosa, independente, foda pra caramba, cheia de atitude e de charme. Mas na real eu sou uma bosta. Sem coragem, que odeia decepcionar as pessoas e fica triste pra caramba de fazer algo que alguém não gosta. É ou não é uma grande merda isso? Eu vivo precisando da aceitação dos outros. E sofro imensamente por não conseguir agir da forma que realmente desejo.
Acabei de arrumar uma meta pra esse ano.
E por agora é tudo. Se você ficou confuso, deprimido ou simplesmente me achou uma louca, eu peço sinceras desculpas, nem eu me entendo. E acredite: é difícil pra caramba viver na minha cabeça. Algumas vezes só queria umas férias dela. 

flw vlw migos.